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quinta-feira, 12 de julho de 2012

CONTINUAÇÃO DA INTRODUÇÃO DE O LIVRO DOS ESPÍRITOS


CONTINUAÇÃO DA INTRODUÇÃO DE O LIVRO DOS ESPÍRITOS
                                                               
                                                              IV

Se os fenômenos, com que nos estamos ocupando, houvessem ficado restritos ao
movimento dos objetos, teriam permanecido, como dissemos, no domínio das ciências
físicas. Assim, entretanto, não sucedeu: estava-lhes reservado colocar-nos na pista de fatos
de ordem singular. Acreditaram haver descoberto, não sabemos pela iniciativa de quem, que
a impulsão dada aos objetos não era apenas o resultado de uma força mecânica cega; que
havia nesse movimento a intervenção de uma causa inteligente. Uma vez aberto, esse
caminho conduziu a um campo totalmente novo de observações. De sobre muitos mistérios
se erguia o véu. Haverá, com efeito, no caso, uma potência inteligente? Tal a questão. Se essa potência existe, qual é
ela, qual a sua natureza, a sua origem? Encontra-se acima da Humanidade? Eis outras
questões que decorrem da anterior.
As primeiras manifestações inteligentes se produziram por meio de mesas que se
levantavam e, com um dos pés, davam certo número de pancadas, respondendo desse modo
- sim, ou - não, conforme fora convencionado, a uma pergunta feita. Até aí nada de
convincente havia para os cépticos, porquanto bem podiam crer que tudo fosse obra do
acaso. Obtiveram-se depois respostas mais desenvolvidas com o auxílio das letras do
alfabeto: dando o móvel um número de pancadas correspondente ao número de ordem de
cada letra, chegava-se a formar palavras e frases que respondiam às questões propostas. A
precisão das respostas e a correlação que denotavam com as perguntas causaram espanto. O
ser misterioso que assim respondia, interrogado sobre a sua natureza, declarou que era
Espírito ou Gênio, declinou um nome e prestou diversas informações a seu respeito. Há
aqui uma circunstância muito importante, que se deve assinalar. É que ninguém imaginou
os Espíritos como meio de explicar o fenômeno; foi o próprio fenômeno que revelou a
palavra. Muitas vezes, em se tratando das ciências exatas, se formulam hipóteses para darse
uma base ao raciocínio. Não é aqui o caso.
Tal meio de correspondência era, porém, demorado e incômodo. O Espírito (e isto
constitui nova circunstância digna de nota) indicou outro. Foi um desses seres invisíveis
quem aconselhou a adaptação de um lápis a uma cesta ou a outro objeto. Colocada em cima
de uma folha de papel, a cesta é posta em movimento pela mesma potência oculta que move
as mesas; mas, em vez de um simples movimento regular, o lápis traça por si mesmo
caracteres formando palavras, frases, dissertações de muitas páginas sobre as mais altas
questões de filosofia, de moral, de metafísica, de psicologia, etc., e com tanta rapidez
quanta se se escrevesse com a mão.
O conselho foi dado simultaneamente na América, na França e em diversos outros
países. Eis em que termos o deram em Paris, a 10 de junho de 1853, a um dos mais
fervorosos adeptos da doutrina e que, havia muitos anos, desde 1849, se ocupava com a
evocação dos Espíritos: “Vai buscar, no aposento ao lado, a cestinha; amarra-lhe um lápis;
coloca-a sobre o papel; põe-lhe os teus dedos sobre a borda” Alguns instantes após, a cesta
entrou a mover-se e o lápis escreveu, muito legível, esta frase: “Proíbo expressamente que transmitas a quem quer que
seja o que acabo de dizer. Da primeira vez que escrever, escreverei melhor.”
O objeto a que se adapta o lápis, não passando de mero instrumento, completamente
indiferentes são a natureza e a forma que tenha. Daí o haver-se procurado dar-lhe a
disposição mais cômoda. Assim é que muita gente se serve de uma prancheta pequena.
A cesta ou a prancheta só podem ser postas em movimento debaixo da influência de
certas pessoas, dotadas, para isso, de um poder especial, as quais se designam pelo nome de
médiuns, isto é - meios ou intermediários entre os Espíritos e os homens. As condições que
dão esse poder resultam de causas ao mesmo tempo físicas e morais, ainda imperfeitamente
conhecidas, porquanto há médiuns de todas as idades, de ambos os sexos e em todos os
graus de desenvolvimento intelectual. É, todavia, uma faculdade que se desenvolve pelo
exercício. V
Reconheceu -se mais tarde que a cesta e a prancheta não eram, realmente, mais do
que um apêndice da mão; e o médium, tomando diretamente do lápis, se pôs a escrever por
um impulso involuntário e quase febril. Dessa maneira, as comunicações se tornaram mais
rápidas, mais fáceis e mais completas. Hoje é esse o meio geralmente empregado e com
tanto mais razão quanto o número das pessoas dotadas dessa aptidão é muito considerável e
cresce todos os dias. Finalmente, a experiência deu a conhecer muitas outras variedades da
faculdade mediadora, vindo-se a saber que as comunicações podiam igualmente ser
transmitidas pela palavra, pela audição, pela visão, pelo tato, etc., e até pela escrita direta
dos Espíritos, isto é, sem o concurso da mão do médium, nem do lápis.
Obtido o fato, restava comprovar um ponto essencial - o papel do médium nas
respostas e a parte que, mecânica e moralmente, pode ter nelas. Duas circunstâncias
capitais, que não escapariam a um observador atento, tornam possível resolver-se a questão.
A primeira consiste no modo por que a cesta se move sob a influência do médium, apenas
lhe impondo este os dedos sobre os bordos. O exame do fato demonstra a impossibilidade
de o médium imprimir uma direção qualquer ao movimento daquele objeto. Essa
impossibilidade se patenteia, sobretudo, quando duas ou três pessoas colocam juntamente
as mãos sobre a cesta. Fora preciso

entre elas uma concordância verdadeiramente fenomenal de movimentos. Fora preciso,
demais, a concordância dos pensamentos, para que pudessem estar de acordo quanto à
resposta a dar à questão formulada. Outro fato, não menos singular, ainda vem aumentar a
dificuldade. É a mudança radical da caligrafia, conforme o Espírito que se manifesta,
reproduzindo-se a de um determinado Espírito todas as vezes que ele volta a escrever. Fora
necessário, pois que o médium se houvesse exercitado em dar à sua própria caligrafia vinte
formas diferentes e, principalmente, que pudesse lembrar-se da que corresponde a tal ou tal
Espírito.
A segunda circunstância resulta da natureza mesma das respostas que, as mais das
vezes, especialmente quando se ventilam questões abstratas e científicas, estão
notoriamente fora do campo dos conhecimentos e, amiúde, do alcance intelectual do
médium, que, além disso, como de ordinário sucede, não tem consciência do que se escreve
debaixo da sua influência; que, freqüentemente, não entende ou não compreende a questão
proposta, pois que esta o pode ser num idioma que ele desconheça, ou mesmo mentalmente,
podendo a resposta ser dada nesse idioma. Enfim, acontece muito escrever a cesta
espontaneamente, sem que se haja feito pergunta alguma, sobre um assunto qualquer,
inteiramente inesperado.
Em certos casos, as respostas revelam tal cunho de sabedoria, de profundeza e de
oportunidade; exprimem pensamentos tão elevados, tão sublimes, que não podem emanar
senão de uma Inteligência superior, impregnada da mais pura moralidade. Doutras vezes,
são tão levianas, tão frívolas, tão triviais, que a razão recusa admitir derivem da mesma
fonte. Tal diversidade de linguagem não se pode explicar senão pela diversidade das
Inteligências que se manifestam. E essas Inteligências estão na Humanidade ou fora da
Humanidade? Este o ponto a esclarecer-se e cuja explicação se encontrará completa nesta obra, como a deram os próprios Espíritos.


Eis, pois, efeitos patentes, que se produzem fora do círculo habitual das nossas
observações; que não ocorrem misteriosamente, mas, ao contrário, à luz meridiana, que
toda gente pode ver e comprovar; que não constituem privilégio de um único indivíduo
e que milhares de pessoas repetem todos os dias. Esses efeitos têm necessariamente uma
causa e, do momento que denotam a ação de uma inteligência e de uma vontade, saem do domínio puramente físico.

Muitas teorias foram engendradas a este respeito. Examiná-las-emos dentro em pouco e
veremos se são capazes de oferecer a explicação de todos os fatos que se observam.
Admitamos, enquanto não chegamos até lá, a existência de seres distintos dos humanos,
pois que esta é a explicação ministrada pelas Inteligências que se manifestam, e vejamos o que eles nos dizem.

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